6 de janeiro de 2013

A Mágica da Moda

      Muito antes do ato de comprar roupa se tornar uma simples ida ao shopping, as peças eram feitas sob medida e envolvia além do estilista uma penca de colaboradores como artesãos, bordadeiras e afins, era a chamada Haute Couture (ou Alta Costura, em português). O formato de desfiles como conhecemos hoje em dia é atribuído ao inglês Charles Frederick Worth que em 1858 produziu em Paris o primeiro desfile usando modelos ao invés de cabides. Daí em diante a menina dos olhos da moda se profissionalizou e ganhou proteção pela Lei Francesa. Não é qualquer um que pode intitular sua coleção de Alta Costura, ela segue regras rígidas e é monitorada pela Chambre Syndicale de Haute Couture, em Paris que é onde os desfiles acontecem no período entre as apresentações internacionais masculina e o prêt-à-porter feminino. Entre algumas das regras estão: “os modelos têm que ser originais, desenhados por um mesmo criador, feitos à mão e sob medida, em ateliê próprio e que empregue, no mínimo, 20 pessoas. A casa também precisa apresentar duas coleções por ano em Paris num total de 25 looks pelo menos”.



 Desfile que atravessa a crise de Christian Lacroix
Falo sobre isso pois semana passada aconteceu, em 3 dias de desfiles, as propostas de Alta Costura do Inverno 2010 e saliento as casas que tiveram mais destaque. Vale ressaltar que com a introdução da moda produzida em escala industrial a Alta Costura pode parecer obsoleta, mas não é. Ela ainda é encarregada de trazer magia ao mundo da moda com looks muitas vezes absurdos em relação a bordados, plumagens e formas além de preços altíssimos. Hoje em dia os maiores consumidores do estilo são as mulheres árabes, esposas de Sheiks e Chefes de Estado. Além disso, o número reduziu imensamente em relação à décadas passadas seja por custos altos para manter uma maison desse porte funcionando, escassez de clientela ou a própria crise.



A lingerie deixa de ser inibida no desfile da Dior
Histórias à parte Christian Lacroix foi o que mais rendeu expectativas. O estilista decretou falência meses atrás tendo a tal crise como motivo e qual não foi a surpresa de fashionistas quando o nome dele era um dos que figuravam no calendário de desfiles. Lacroix conseguiu algo digno, montou uma coleção onde não gastou nenhum centavo. Os tecidos foram doados por fornecedores e amigos do estilista assim como a mão de obra de bordadeiras, modelistas, etc… só as modelos ganharam cachê pois segundo a lei francesa o piso mínimo obrigatório para as meninas é de 50 euros. O que se viu foi uma belíssima coleção, livre dos excessos barrocos que lacroix era acostumado, com peças bem construídas e que se sustenta nos casacos e cabãs propostos pelo designer. Deu certo, emocionou a platéia de jornalistas e amigos e no final rendeu uma conversinha com Bernard Arnault, o todo-poderoso do conglomerado LVMH. O futuro da marca ainda é incerto mas foi acertada a coleção que conta com cores sóbrias e visual mais “clean”.



A ausência de cores no desfile da Valentino
Outra casa importante na Semana de Alta Costura foi a Dior, comandada por John Galliano que se inspirou na lingerie em coleção sexista com direito a transparência, cinta-liga, corsets e casaquetos acinturados, tudo com ar 50′s inspirado em fotos antigas de provas de roupa da própria maison. São lindos os vestidos no final com várias camadas de tule e arrematado por corset. Outra casa que dá uma reviravolta no que fashionistas estão acostumados a ver é aValentino, que é comandada por Maria Grazia e Pier Paolo Piccioli e que apresentou coleção em preto abandonando o vermelho característico da época do estilista homônimo. O que se viu foi um desfile sexy que abusa das rendas, transparências e babados em construções bem elaboradas.



Divas de Hollywood para Jean-Paul Gaultier


Já Jean-Paul Gaultier olha para divas do cinema dos anos 40 em coleção de espírito jovem, com volumes inesperados que redesenham o corpo da mulher. A coleção tem um quê de divas do pós-guerra com bons trench coats em couro, vestidos de cintura marcada, peles e glamour, muito glamour. Entre as outras marcas que recebem o selo da Alta Costura destacam-se a Armani Privé, Elie Saab, Chanel, Givenchy, o brasileiro Gustavo Lins, entre outras que não se comparam com a quantidade de marcas que desfilam o prêt-à-porter. Se é viável ou não manter um show desses não sei dizer, o que importa mesmo é ver a magia da moda acontecendo com técnicas muitas vezes antiguíssima de artesanato e handmade apurado. E prepare-se para ver alguns looks nos tapetes vermelho de premiações pelo mundo afora.



Looks significativos de Elie Saab, Armani Privé, Chanel e Givenchy


Fonte:http://www.espacofashion.net.br/site/a-magia-da-moda












Nenhum comentário:

Postar um comentário